Integração x Transformação
Atualmente o combate ao racismo é feito principalmente em torno da integração dos negros na sociedade brasileira, com discussões em torno de cotas raciais em vestibulares e outros processos seletivos. Pouco se debate a incapacidade que essas estruturas têm em receber o negro e das mudanças necessárias para se criar um ambiente verdadeiramente plural e acolhedor.
Podemos nos atentar às universidades públicas, onde foram aplicadas as cotas raciais e sociais como medidas de integração. Sem capacidade alguma de acolher os alunos negros, pobres e vindos da escola pública, a universidade criada para formar elites produz uma taxa de evasão de 40% e é ainda maior em cursos que envolvem matemática aplicada [1]. Sem qualquer plano sério de permanência e reforma no ensino superior, temos uma estrutura universitária que segue uma lógica de seleção e afunilamento que adoece seus estudantes, com destaque para os negros.
Ao invés de cobrarmos mais integração, deveríamos cobrar transformação. Precisamos criar uma universidade que acolha e enxergue potencial em todos os seus estudantes, uma universidade que enxergue no aluno negro de escola pública o potencial de criar um grande profissional, um pesquisador ou pesquisadora, alguém que vai trazer importantes contribuições para a sociedade. Diferente da universidade seletiva e excludente que possuímos atualmente, que tem como finalidade principal formar uma elite que esbanja títulos mas é completamente alheia à realidade brasileira e ao real conhecimento, como exemplificado pelo personagem doutor Armando de Lima Barreto.